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14 de Setembro de 2008
Edgar Silva de Macedo
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sadoutrina.org - Biblioteca Digital - As Colunas do Senhor
Benedito Alves da Silva – nasceu em 1913, no dia 8 de Dezembro na cidade de Ourinhos/SP. Tem 94 anos de idade.
Foi batizado em 1921, com 8 anos, o que lhe confere pelo menos 87 anos de batismo – hoje ele é o crente mais antigo da Sã Doutrina. Sua esposa, Palmira Maria de Oliveira – nasceu em 1922, no dia 2 de Março na cidade de Caçador/SP. Tem 86 anos de idade e foi batizada com 7 anos, hoje ela possui quase 80 anos de batismo. Considere estes numeros lembrando que este artigo foi escrito em setembro de 2008.
A história de meus avós é muito parecida com a de muitos irmãos de antigamente. Como todo homem ou mulher que viveu no interior e teve que trabalhar nas colheitas e nos roçados, eles souberam de forma muito íntima o significado da palavra dificuldade. É como eu havia dito, essa história todos já devem ter ouvido de seus próprios avós e mesmo de seus pais. Então deixem-me falar das particularidades desse casal de crentes tão memoráveis da Sã Doutrina.
O meu avô – Benedito Alves da Silva, conhecido como Ditinho é muito lembrado pela sua capacidade e seu Dom de cantor. Hoje infelizmente a sua fragilidade e sua debilitada saúde já não permite que ele possa continuar com a sua vocação, no entanto ele traz muitas lembranças até mesmo para mim que diga-se de passagem me lembro de ocasiões em que pude vê-lo receber alguns de seus hinos.
Quando tinha de 8 anos, ou seja em 1921 ele recebeu sua primeira mensagem inspirada; um hino de seu pai (Joaquim Alves da Silva ) em sonho. Conta-se também que nessa mesma época ele foi um dos primeiros crentes a receber uma mensagem inspirada nos moldes como conhecemos hoje com os dizeres: “Eu venho do céu...” Considerando que a manifestação da Sã Doutrina no Brasil ocorreu entre 1914 a 1916 a probabilidade de ele ter sido o primeiro é muito grande. Certa vez contou-me que os hinos cantados nesta época eram protestantes e retirados de um livrinho chamado “expresso”.
Já minha avó – Palmira Maria – que como já foi citado batizou-se aos 7 anos, foi então batizada por um irmão muito conhecido: José Martins de Lima (um crente que teve muitos dons, como de profecia; de apascentação; de pregação; de cantor; dentre outros). E como era de costume na sua época minha avó casou-se muito nova; ela tinha 14 anos quando se casou com meu avô, e este era da idade de 23 anos.
Dos filhos que tiveram, ao todo foram 18 sendo que: 7 falecidos com uma variância de meses a anos de vida; 7 vivos até os dias atuais e quatro abortivos. Apesar de todos terem sido batizados na Sã Doutrinahoje somente duas filhas seguem a Sã Doutrina, dentre elas minha mãe ( Natalícia ) e minha tia Elídia. Ao morarem em Dracena meu avô foi apascentador e ele mesmo diz que batizou muitos irmãos.
Eles conviveram com crentes que são muito lembrados até os dias de hoje, como: João Galvão e Hélio Tolardo, José Martins de Lima dentre outros. Atualmente meus avós moram em Campinas e por aqui chegaram no ano de 1960; isso lhes confere 48 anos de residência nesta cidadeSemelhante a muitos dos irmãos mais antigos que aqui chegavam naquela mesma época, a viagem e o processo de adaptação não foram nada fácies. Inúmeros são os fatos que minha avó conta de quando aqui chegaram, das dificuldades, de ter que cuidar dos filhos – e quando adoeciam era uma verdadeira prova da fé para este casal.
Meus avós foram os primeiros crentes a se mudarem para Campinas, tornaram-se pioneiros neste lugar, porém nesta mesma época muitos outros crentes vinham das cidades do interior do estado de São Paulo e de outros estados. Irmãos como: Antonio Máximo; Ana Bispo; Eduardinho; Francisco Lopes; João Francisco; Zé Bezerra; Onézimo Cardoso e muitos outros. Palmira contou-me que ambos saiam disfarçadamente pelas calçadas ao meio dia de sábado na esperança de ouvirem alguém congregando e cantando nossos hinos.
Hoje Campinas é a cidade com maior numero de irmãos da Sã Doutrina. Nesta época com o número de irmãos em Campinas crescendo exponencialmente foram surgindo muitas searas onde os irmãos se reuniam durante a semana, uma das primeiras foi na casa do irmão João Francisco. Muitas outras searas surgiram na casa de outros irmãos. Mas, aos sábados todos esses irmãos se reuniam para os cultos espirituais na chácara do meu avô que se situava no local onde foi construído o terminal Ouro Verde; posteriormente a chácara ficou aos cuidados do irmão Eduardinho.
Meus avós são uma daquelas figuras emblemáticas que ao nos lembrarmos ou ao vê-los haverá sempre uma recordação. Minha avó trabalhou em muitas casas de famílias em Campinas; quem já teve a oportunidade de prosear com ela uma meia-hora que seja sabe bem do que eu falo. Meu avô foi vendedor de sorvetes por muitos anos; ele ficava em uma praça no centro de Campinas, Largo do Pará – e já foi até entrevistado pelo Correio Popular da Rede Anhanguera de Comunicações. Os anos passaram e hoje minha avó já não trabalha mais em casas de famílias. E meu avô também já não vende mais sorvetes.
No auge de seus 72 anos de casados (bodas de Aveia), eles estão hoje vivendo em sua humilde casa no Jardim Yeda, onde moram com uma de suas filhas – a Gemima – e os anos de longevidade lhes conferiu uma certa expressão de cansaço, até natural porque afinal eles trabalharam muitos anos de suas vidas entretanto em meu avo Ditinho com toda esta idade sempre teve boa saúde e não sabe o que é pressão alta, colesterol, diabetes nem triglicérides.
Mas nem é preciso ser um exímio observador para notar que apesar dos pesares eles são um casal de velhinhos muito carismáticos e que sem ao menos terem consciência disso, até mesmo pela simplicidade são um exemplo de cidadãos e de cristãos – como crentes da Sã Doutrina.